Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 47 — nal dedicada à guerra nesse país – e ainda não controlada pelos censores das forças armadas estadunidenses e britânicas – para enumerar a vasta lista de transgressões à ordem jurídica interna- cional e ao próprio Código dos Estados Unidos na parte dedicada aos Crimes de Guerra, seção 2441, que estipula a responsabilidade de quem, dentro ou fora do país, viola as convenções internacionais assinadas por Washington, em Genebra, em 12 de agosto de 1949, assim como os protocolos dessa convenção. O relatório vai alémdas posições internas dos Estados Unidos – que sustentam uma atitude ambivalente com respeito ao direito de resistência do povo Iraquiano – ao afirmar que “os civis de um país ocupado não têm obrigação de lealdade ao poder ocupante” e que todo civil que pega em armas contra os invasores perde sua qualidade de “civil” e adquire os direitos e obrigações de comba- tente , tais como ser considerado “prisioneiro de guerra” no caso de ser detido. A Convenção de Genebra reconhece o status de “comba - tentes” às pessoas que espontaneamente pegam em armas em face do inimigo, já que, de acordo com o princípio da autodeterminação e das leis que o regem, “um povo tem direito de resistir, com força se necessário, a um invasor estrangeiro”. O documento critica o uso do termo “terrorista” ou “insurgente” aplicado indiscrimadamente pelos meios de comunicação e pelos invasores, e reitera que o povo iraquiano mantém o seu direito à resistência até que as forças in- vasoras abandonem seu país. Esta estratégia de dominação tem um efeito contrário ao dese- jado por Washington: em vez de eliminar o terrorismo, gera em nu- merosos setores da população a ideia de que as únicas coisas a se fa- zer contra a força dos Estados Unidos são os sacrifícios e a imolação. Dirk Adriaensens, coordenador da organização SOS Iraque, em um dramático texto – “2003-2013: resistência no Iraque, guerra suja estadunidense e remodelação do oriente próximo” (Adriaen-

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