Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 10 — Também acredita que Trump fará uma grande mudança (83%), que tem temperamento para governar (94%), e havia decidido seu voto três meses antes da eleição (70%). E certamente estes eleitores são, em sua grande maioria, criacionistas. Assim, Trump soube aproveitar os resultados da aplicação das políticas neoliberais nos Estados Unidos – a transnacionalida- de descrita por William Robinson, com a localização de empresas fora de seu território, no México ou qualquer outro lugar do planeta –, que trouxeram empobrecimento à classe operária e aos estratos médios estadunidenses, aproveitando a existência de uma mão de obra extremamente barata, e permitindo que uma grande parte da geração de valor se dê como produto do que é conhecido como a deslocalização do capital. Esses setores começaram a sentir os rigo- res da crise que, em escala universal estamos experimentando em todos os povos e povoados. Quando Ronald Reagan e Margaret Tha- tcher materializaram o credo neoliberal e começam a aplicá-lo em seus respectivos países, provocaram a ampliação e a intensificação da pobreza extrema em suas populações, algo que Trump captou e segue utilizando a seu serviço. É certo que as políticas neoliberais aplicadas dentro do território estadunidense provocaram o abandono de amplas zonas urbano-industriais, do investimento público em cidades pequenas de caráter rural, dos serviços de educação e saúde somado ao avan- ço de uma mentalidade obscurantista, criacionista, antiaborto, con- trária à diversidade sexual, cuja estrutura familiar assemelha-se à de Trump, em que se permite tudo ao macho, inclusive suas obsce- nidades públicas e à mulher não se permite nada, além de apoiá-lo porque representa o modelo de família que apoia Trump. O tipo de eleitor que nos mostram os estudos posteriores à eleição de três anos atrás delineia esse varão machista e essa mu- lher subjugada que vota em alguém semelhante ao seu agressor em casa e apoia o marido, sem importar-se com o fato de que suas