Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 98 — Outro aspecto a destacar do manual é a importância que outor- ga ao recrutamento e integração de forças paramilitares ou irregula- res como parte integral da batalha contrainsurgente – componente clandestino que temos denunciado emdiversas ocasiões, no casome- xicano, e que continua tendo umpapel estratégico atualmente graças à ação de grupos do narcotráfico que atuam como paramilitares. O manual é também muito claro quanto ao envolvimento di- reto de forças de combate estadunidenses: se a situação do governo da nação anfitriã se deteriora a tal ponto que os interesses vitais dos Estados Unidos se veem em perigo, e para produzir uma de- cisiva mudança no conflito – o qual pode ser não não apenas de natureza contrainsurgente, podendo ser provocado pelo narcotrá- fico. Este aspecto deve ser levado muito a sério para análises mais conscientes da situação mexicana. A ação de esquadrões da morte ou grupos de assassinos de aluguel é aprovada no texto comentado, e inclusive descrita com precisão e cinismo: Caçador-Matador. As forças amigas podem usar esta técnica [sic] em operações de consolidação... Elas usam esta técnica de caçar e destruir peque- nos focos inimigos isolados. A equipe de caçador- -matador consiste em duas seções: os caçadores e os assassinos. Os caçadores devem portar equipa- mentos leves e são altamente móveis. Sua missão é localizar as forças inimigas enquanto mantêm uma comunicação constante com os executores, que es- tão alerta e prontos para entrar em ação. Quando os caçadores fazem contato, estes notificam aos as - sassinos. (United States, 1994/2003, p. c-3). Não cabe dúvida. Os caminhos da democracia à moda estadu- nidense são tenebrosos e fatais.

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