Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 88 — Outra Expedição Bowman, agora em Honduras Em maio de 2014, um professor indígena me comunicou sua preocupação diante do que parecia ser outra investigação de geopi- rataria contrainsurgente estadunidense nas etnorregiões dessa república irmã. A mensagem continha um documento em arquivo anexado no qual a Universidade do Kansas, em convênio com a Uni- versidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán e O Projeto Indí- gena , convocava publicamente para uma seleção de trabalho cujos requisitos eram, além de ser estudante da UPNMF do primeiro e se- gundo ano, pertencer a qualquer dos povos indígenas de Honduras e falar a respectiva língua, ter reconhecida liderança em sua comu- nidade e conhecimento básico de computação e coleta de dados. Os interessados deveriam apresentar seus documentos na Faculdade de Humanidades dessa Universidade, entre 24 e 31 de outubro de 2013. Isto é, os investigadores estadunidenses requeriam auxilia- res-informantes-linguistas-coletores nas comunidades indígenas para coleta de informação para uma pesquisa já em andamento, cujos objetivos, propósitos e fontes de financiamento não se espe - cificam na convocatória, muito menos foram consultados os povos e suas organizações: o modus operandi das Expedições Bowman. Outro colega hondurenho me forneceu alguns dados a mais que confirmaram temores iniciais. Trata-se de uma investigação em curso, a nível nacional, com o título, desta vez, de “Municípios indígenas, uso da terra e conflitos”, tema recorrente dos geógrafos contrainsurgentes, e seu objetivo é mapear digitalmente todas as comunidades indígenas. A composição da equipe diretiva não dei- xa lugar para dúvidas: entre os responsáveis pela investigação se encontram Peter Herlihy, o mesmo geógrafo cultural que coorde- nou o Projeto México Indígena , dois geógrafos cujos nomes não são fornecidos (não será um deles Jerome Dobson que, lembramos, acaba de receber três milhões de dólares para uma investigação na

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