Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 87 — dos Estados Unidos, testemunho que não favorece em nada nem as ditas autoridades nem os integrantes do Projeto. Associações profissionais, faculdades, departamentos e pes - quisadores independentes optam por um silêncio cômodo, e, in - clusive, há casos de aberta adesão a projetos tão objetáveis como México Indígena . Imagino que o doutor Jeremy Dobson, que em 2013 recebeu mais de 3 milhões de dólares do Departamento de Defesa, através da Iniciativa Minerva , se apresentará em breve, se já não o fez, em algum campus universitário da “América Central”, como se assevera no resumo da pesquisa, buscando a cooperação acadêmica local, de acordo com sua costumeira generosidade cien- tífica. Nesse caso, me pergunto: como reagirão as autoridades des - ses centros de saber e seus professores-investigadores? Aceitarão novamente participar como auxiliares subalternos (naturalmente), em pesquisas rapinantes com-quem-se-importa-qual-é-a-fonte-de- -financiamento, desde que não seja deixado de fora dos circuitos da colonialidade acadêmica realmente existente – vistos, estadias sabáticas, revistas indexadas, congressos, em suma, a acumulação curricular primitiva? Por certo, nenhuma associação profissional de antropólogos, geógrafos, sociólogos ou psicólogos de nosso país se pronunciou ou organizou uma reunião pública ou de seus agremiados para discutir o uso, pelos Estados Unidos, de sua respectiva discipli- na em tarefas contrainsurgentes em nossas terras, ou nas guer- ras e ocupações neocoloniais em outros países; tampouco parece preocupar muito os colegas que outra Expedi ção Bowman esteja por se iniciar em algum “obscuro rincão” de nossa América. Com certeza, aqui haverá um Aldo ou uma comunidade indígena que denuncie a geopirataria contrainsurgente!

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