Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 85 — partamento de Estudos Militares para o Exterior (Foreign Military Study Office - FMSO) do Departamento de Defesa dos Estados Uni - dos, nenhuma associação profissional de antropólogos, geógrafos e sociólogos no país saiu em sua defesa diante da réplica raivosa dos professores da Universidade do Kansas, Peter Herlihy e Jerome Dobson, coordenadores da pesquisa, que tentaram acusá-lo de fal- samente montar uma representação da comunidade, de estar “poli - ticamente motivado” e de fazer acusações infundadas. Desde que se desatou essa controvérsia, cinco anos se pas- saram, numerosos artigos foram escritos, inclusive um livro sobre o caso, Geoppiracy : Oaxaca, Militant empiricism and Geographiccal Thought (Wainwright, 2012), e podemos constatar que as imputa- ções de Aldo teriam razões e bases bem sólidas. Hoje, sabemos que o Projeto México Indígena constitui parte das conhecidas Expedi- ções Bowman que, de maneira concisa, implicam a utilização da geografia para um mapeamento das regiões de interesse estratégi - co dos Estados Unidos, com fins militares, geopolíticos e de bene - fício corporativo Uma das suposições “teóricas” mais importantes, a raison d’etre das Expedições Bowman, provém do tenente coronel Geof- frey B. Demarest que, antes de fazer parte do Projeto México Indí- gena como um dos analistas principais, contava com uma folha de serviços muito distintos em favor dos esforços contrainsurgentes do imperialismo estadunidense na América Latina. Demarest foi treinado na Escola das Américas do exército de seu país, macabro centro de ensino de torturadores e golpistas dos Estados Unidos na região, e atuou como adido militar da embaixada dos Estados Unidos na Guatemala entre 1988 e 1991, justamente durante o período de auge da guerra suja, caracterizado por terríveis massa- cres contra populações indígenas. E mais, o tenente coronel pôs em prática seus conhecimentos especializados na Colômbia (que coin -

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