Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 81 — também coincidimos com esta aguda crítica à academia, gostaria de acrescentar, não apenas estadunidense (Price, 2011). Três perguntas a partir da América Latina: que alcance tem este tipo de prática nos nossos países? Que fazemos, os antropólo- gos e nossas associações profissionais, para contrariar ou ao menos denunciar essas estratégias da antropologia contrainsurgente dos Estados Unidos? Qual é a condição ético-política das ciências so- ciais na América Latina? Os acadêmicos a serviço do império: a Iniciativa de Pesquisa Minerva Desde o ano de 2008, os militares dos Estados Unidos con- tam com um ambicioso programa de pesquisa denominado The Minerva Research Initiative , criado pelo então Secretário de Defesa Robert Gates, com o objetivo de alcançar “uma compreensão mais profunda das dinâmicas sociais, culturais e políticas que dão forma às regiões de interesse estratégico (para o governo desse país) ao redor do mundo”. 23 Em seu início, esse programa recebeu um fundo de 50 milhões de dólares, que foram sendo incrementados ao lon- go desses anos, e cujo destino – entre outros – tem sido financiar os acadêmicos das universidades estadunidenses e os especialistas de outros centros de investigação para trabalharem como analistas nos temas que podem ter incidência nas políticas do Estado de se- gurança nacional imperialista. O Departamento de Defesa, através da Iniciativa Minerva, pre- tende respaldar e concentrar recursos nas melhores universidades do país; definir e desenvolver conhecimento fundamental em torno 23 Ver página da The Minerva Research Initiative disponível em: <http://minerva. dtic.mil> .

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