Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 80 — Nosso autor coloca que, apesar disso, e de a American Anthro- pological Association (AAA) ter adotado resoluções condenando guerras impopulares, como as do Vietnã e Iraque, a própria Asso- ciação é relutante em adotar posturas críticas em relação ao uso da antropologia em guerras imperialistas. Isto é, não basta um código de ética que estabeleça as melhores práticas antropológicas se não se incluem igualmente posições políticas como a oposição ao im- perialismo e ao neocolonialismo, e o apoio ao direito de povos e nações à autodeterminação. Ou seja, a distinção entre a ética e a política é limitada às crí- ticas no interior dos colégios profissionais. Assim, a AAA se opõe às Equipes Humanas em Campo por razões éticas, já que não se obtém dados com o consentimento informado dos sujeitos investigados, e se põem em perigo as populações etc., mas não leva em consi- deração outras razões (políticas) igualmente importantes, como o fato de que a antropologia é um apêndice dos militares dos Estados Unidos em um injusto projeto de ocupação e exploração imperialis- tas. Sempre que as associações profissionais limitam suas discus - sões ao âmbito da ética, evitando o debate dos contextos políticos no quais se conduz a investigação antropológica, neste caso de um governo comprometido com a expansão militar global, estas asso- ciações não fazemmais que limitar suas críticas a formulários e téc- nicas, e não aos projetos políticos que sustentam esses usos merce- nários e espúrios da ciência social. Associações profissionais que se concentram na ética enquanto deixam de lado a política, ignoram que a antropologia é cúmplice dos setores militares de inteligência e segurança estadunidenses relacionados com a política exterior desse país, com as campanhas neocoloniais, a guerra global contra o terror e a crescente dependência da contrainsurgência antropo- logicamente informada. As associações profissionais como a AAA consideram suas posições como neutras no campo da política, mas – insiste Price – não existe neutralidade política, e, nesse ponto,