Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 79 — peia, mas em regiões reconhecidas por sua pluralidade linguística, étnica e nacional. Price lembra que, no devir histórico dos empreendimentos coloniais, primeiro chega a infantaria, seguida dos engenheiros de minas e dos agrônomos, depois os missionários e, por último, os an - tropólogos. As tradições antropológicas britânicas, francesas, ho- landesas e alemãs estiveram ligadas com as aventuras coloniais na África, Ásia, Indonésia e outros lugares, enquanto estudos etnológi - cos nos Estados Unidos, entre os povos originários, não podem ser dissociados de uma vergonhosa história de conquista e genocídio. Os códigos de ética surgem com a Segunda Guerra Mundial, quando os militares se deram conta da necessidade de entender as culturas, línguas, costumes e geografias não familiares dos, nes- se momento, países inimigos. Antropólogos estadunidenses, britâ- nicos, alemães, franceses e japoneses foram utilizados, durante o conflito bélico, como analistas de inteligência, propagandistas, pro - fessores de línguas, especialistas em sobrevivência, sabotadores, partisans , oficiais e espiões. Os Julgamentos de Nuremberg forne - cem à antropologia e às ciências sociais e humanidades as bases dos modernos códigos de ética O código de Nuremberg insistia em que os cientistas, traba- lhando com seres humanos tanto na guerra como na paz, deveriam obter deles sua autorização informada, deveriamevitar causar dano físico ou mental aos sujeitos e às populações estudadas e deveriam usar pessoal qualificado para realizar tais investigações. Em 1948, como resultado dessas experiências, a Society for Applied Anthro- pology dos Estados Unidos elabora o primeiro código de ética for- malizado, no qual se insistia que os antropólogos deveriam assumir a responsabilidade sobre os efeitos de seus trabalhos e recomenda- ções, e jamais justificar suas ações alegando que são meros técnicos de projetos cujos fins não lhes dizem respeito.
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