Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 78 — A contrainsurgência culturalmente informada – de acordo com Price – apresenta três tipos de problemas para a antropolo- gia: éticos, políticos e teóricos. O problema ético está relacionado à manipulação e ao provável dano às populações investigadas que deveriam consentir voluntariamente em ser estudadas; o político consiste em usar a ciência antropológica para apoiar projetos neo- coloniais de conquista, ocupação e dominação; enquanto o teórico diz respeito a apoiar-se em um simplificador reducionismo acerca da cultura, destinado a explorar algumas características locais não somente para supostamente controlar o conflito, mas para, na ver - dade, usá-las para derrotar os insurgentes. Price argumenta que, assim como está se tornando uma coisa do passado observar a ciência antropológica como uma enteada do colonialismo , pode-se afirmar que a guerra contra o terror , iniciada por Bush, e levada adiante exponencialmente por Obama, redesco- bre o uso militar da cultura e dá novo vigor a uma antropologia da dominação e instrumento útil para trabalhos de inteligência e para a guerra planetária contrainsurgente dos Estados Unidos. Afirma que da mesma maneira que a Primeira Guerra mundial foi quali- ficada como a guerra dos químicos (pelo uso de gases tóxicos), a Segunda Guerra, dos físicos (pelo início do uso da energia atômica com fins militares), o conhecimento cultural que requer a contrain - surgência e a ocupação de países em guerras neocoloniais tem le- vado muitos estrategistas do Pentágono a pensar que as atuais são as guerras dos antropólogos. Isso é demonstrado pela introdução das Equipes Humanas em Campo ( Human Terrain Systems ), que têm fornecido consultoria cultural às brigadas de combate no Iraque e no Afeganistão, e por outros esforços para adaptar a ciência antropológica à contrainsur- gência e às chamadas guerras assimétricas, que não são realizadas entre Estados com estruturas culturais similares, de origem euro-
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