Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 76 — como aos programas universitários ( Minerva Consortium, Pat Ro- berts Intelligence Scholars Program, Intelligence Community Centers of Academic Excellence ) que facilitam com renovado vigor as incur- sões da Agência Central de Inteligência (CIA), do Departamento Federal de Investigações (FBI) e do Pentágono – entre outros orga- nismos – nos campus das instituições de ensino superior estaduni- denses, convertem as ciências sociais em um apêndice do Estado de segurança nacional, no qual se transformou o poder hegemônico do sistema imperialista mundial, e transmutam as universidades em obsequiosas extensões de sua estrutura militar. A “Sombra militar da antropologia” é o título da introdução, na qual Prince destaca que a “guerra contra o terrorismo”, promo - vida por George Bush e continuada por seu sucessor democrata, redescobre velhos usos dos conhecimentos antropológicos pelos militares, adaptando-os às necessidades das guerras assimétricas e contrainsurgentes de última geração e à ocupação de regiões iden- tificadas pela presença significativa de grupos étnicos ou “tribais”. Na primeira seção, intitulada “Política, ética e o regresso triunfal e silencioso do complexo militar e de inteligência aos campi ”, se faz um percurso histórico pelo envolvimento da antro- pologia com os empreendimentos coloniais, a conquista e o geno- cídio, entendendo que não existe neutralidade política na discipli- na. A história dos inícios da antropologia estabelece os vínculos das tradições antropológicas estadunidenses, britânicas, france- sas, holandesas e alemãs com a expansão colonial na África, Ásia, Indonésia e sobre os territórios dos povos indígenas da América. Descrevem-se os problemas éticos e políticos dos antropólogos e de outros cientistas sociais relacionados com os militares e as agências de inteligência e como se tem inovado quanto aos pro- gramas universitários estabelecidos em favor do aparato militar- -industrial e da inteligência de Estado.