Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 74 — Desde a Segunda Guerra Mundial [afirma Price] observamos que os militares tendem a ignorar a investigação acadêmica independente em favor de perspectivas racialmente essencializadas ad hoc, tais como o modelo de orientação de valores de Kluckhohn [...]. Os militares reconhecem suas limitações quanto à compreensão antropológica da cultura, mas suas próprias reticências, incluin- do sua predileção em apoiar missões neocoloniais, dificultam sua habilidade para incorporar análises antropológicas rigorosas. (Price, 2010, p. 61). Não obstante, pouco importaria se os militares adotassem os mais minuciosos marcos conceituais da antropologia no lugar do reducionismo psicológico, carregado de estereótipos etnocêntricos que se encontram em toda a extensão do Guia... , já que a finalidade dos Estados Unidos e suas forças armadas como potência hegemôni - ca dos países imperialistas seria exatamente a mesma: proteger seus interesses geoestratégicos e os de suas corporações transnacionais por meio da intervenção militar, policialesca e de inteligência perma- nente, em todas as regiões do mundo; apoiar ditadores ou governos afins, formar contrapartes golpistas em suas escolas de contrainsur - gência, continuar especializando os exércitos nacionais como forças de ocupação a seu serviço e no controle de insurgências e dissidên- cias de todo o tipo; torturar, desaparecer, sequestrar, executar, infil - trar, cooptar, em operações transculturais de terrorismo global de Estado, levadas a cabo por Rambos das forças especiais que, deslei- xadamente, remendam palavras de cortesia em espanhol ou árabe, enquanto o esperanto de seus pelourinhos dilacera corpos e suas ar- mas de destruição universal aniquilam povos inteiros A mensagem básica e crua do Guia não requer interpretações antropológicas:
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