Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 73 — de assassinatos seletivos de prisioneiros e combatentes, por contri- buírem nas matanças de indígenas, treinarem grupos paramilitares etc., nos países chamados eufemisticamente “nações anfitriãs”; isto é, regimes repressivos para os quais esses singulares “assessores” prestam serviços. Price especifica que o Guia se baseia na antiga, criticada e su- perada corrente antropológica denominada cultura e personalida- de, que teve muita influência durante a Segunda Guerra Mundial e no pós-guerra, quando antropólogas como Ruth Benedict e Mar- garet Mead se envolveram nos estudos de “caráter nacional” para contribuir com os esforços bélicos de seu país, reduzindo a comple- xidade de nações a traços simplificados e pseudopsicológicos que ignoravam variantes significativas entre indivíduos e sociedades. O Guia se fundamenta também no modelo de orientação de valores criado pelo antropólogo Florence Kluckhohn e pelo psicó- logo Fred Strodtbeck nos anos 50 do século XX, baseado em enrije - cidas representações de estereótipos regionais e culturais, a partir de um suposto núcleo básico de valores. Assim, a complexa e hete- rogênea realidade étnica, linguística e cultural do mundo se reduz, no dito documento, a sete regiões culturais. América do Norte e Europa (incluindo Austrália e Nova Zelândia), Sudoeste da Ásia e norte da África. América Central e América do Sul (incluindo Méxi- co), África subsaariana, a margem do Pacífico (ex - cluindo as Américas), Rússia e as repúblicas inde- pendentes e, Oceania (as ilhas do Pacífico) (United, 2008b, cap. 2, par. 14). A hipótese de Price é de que os militares adotammodelos cul- turais inadequados e criticados pela academia porque estes ecoam confortavelmente suas próprias visões de mundo.

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