Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 71 — sua extensa familiaridade com todos os aspectos da sociedade para lograr estes objetivos. É significativo que as equipes HTT não possuam veículos próprios. Para realizar sua investigação de campo, utilizam o trans- porte e a proteção das seções militares das quais fazem parte. O manual menciona que os membros dessas equipes portam apenas “armas de autodefesa” ( sic ), isto é, andam armados e requerem apoio logístico da unidade militar para trabalhar, incluindo passa- gens, alimentação, segurança e espaços de trabalho (que, sem dúvi- da, costumam estar dentro do setor de inteligência). De sua parte, o informe final da American Anthropological As - sociation (AAA), datado de outubro de 2009 – após exaustiva análise –, salienta que esse programa é motivo de preocupação para a Asso- ciação, já que, cumprindo funções de investigação, é fonte, por sua vez, de trabalho de inteligência e realiza funções táticas de guerra de contrainsurgência. Dada essa confusão, qualquer antropólogo que trabalhe no programa terá dificuldades em cumprir o Código Disci - plinar de Ética. O programa se insere no Departamento de Defesa, em seu setor de inteligência e, no Iraque e no Afeganistão, a informação do programa participa do acervo de inteligência militar. A AAA conclui: Quando a investigação etnográfica está determi - nada por missões militares, não sujeita à revisão externa; quando a coleta de informação ocorre em um contexto de guerra, integrada aos objetivos da contrainsurgência, e com um potencial coercitivo – todos esses fatores característicos dos conceitos e a aplicação do programa – não é possível que estes trabalhos sejam considerados como um exercício profissional legítimo da antropologia. (American Anthropological Association, 2017, p. 3).

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