Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 67 — Os antropólogos-militares definem – com a ajuda do plágio 22 já denunciado – conceitos como sociedade, grupo étnico, tribo, redes, instituições, papéis e status , estrutura e normas sociais, cul- tura, identidade, sistemas de crenças, valores, atitudes e percep- ções, linguagem, poder e autoridade, força coercitiva, capital social, participação política, entre outros. Tudo isso para conhecer o que realmente interessa aos militares: os insurgentes, seus objetivos, motivações, apoio ou tolerância da população em relação a eles, suas capacidades e vulnerabilidades, formas de organização, líde- res e personalidades chave, atividades e relações políticas, liberda- de de movimento, suportes logísticos, financeiros e de inteligência, novos recrutas, armamento e capacidades militares, treinamento etc. A estrutura organizativa dos insurgentes merece especial aten- ção aqui: se é hierárquica ou não, se os membros são especializa- dos, se os líderes exercem um controle centralizado ou permitem ação autônoma e iniciativa própria, se o movimento opera indepen - dentemente ou tem relações com outras redes e organizações, se os insurgentes atribuem um peso maior à ação política ou à violenta. Além disso, cada líder é motivo de um escrutínio detalhado: seu papel na organização, atividades conhecidas e associadas, his- tória pessoal e trajetória, crenças, motivações e ideologia, educação e treinamento, temperamento (“por exemplo, cuidadoso, impulsivo, pensativo ou violento”), importância na organização, popularidade fora dela. Nas seções de tortura no Iraque, Afeganistão, Guantána- mo e outros “obscuros rincões do planeta”, estas são, sem dúvida, algumas das perguntas feitas àqueles detidos pelas forças de ocu- pação dos Estados Unidos; elas também fizeram parte das matérias que os mentores ianques ensinaram a membros das forças armadas 22 Em espanhol, plágio tem também um significado muito recorrente de sequestro, com o qual o autor joga aqui. [N. dos T.]