Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 64 — mentos de guerra civil. [...] Contrainsurgência são as ações militares, paramilitares, políticas, econô - micas, psicológicas e atividades cívicas realizadas por um governo para derrotar a insurgência. (Uni- ted States, 2006, cap. 1, par. 5 e par. 2). No caso do Iraque, observa-se que o “governo estabelecido” não tem legitimidade nem controle, posto tratar-se de uma autori- dade subordinada à potência ocupante. Ainda assim, ante seu fra- casso contra a resistência patriótica, os Estados Unidos provoca- ram uma guerra civil, colocando sunitas contra chiitas através de atentados terroristas perpetrados por suas agências de inteligên- cia, fortalecendo a independência de fato dos curdos e debilitando ao máximo a unidade nacional. A grande “descoberta” do Manual é seu verniz antropológico: O conhecimento cultural é essencial para empreen- der uma exitosa contrainsurgência. As ideias ameri- canas (sic) do que é “normal” ou “racional” não são universais. Pelo contrário, membros de outras socie- dades frequentemente têm diferentes noções de ra- cionalidade, comportamento apropriado, níveis de devoção religiosa e normas relativas a gênero. (Uni- ted States, 2006 apud Lopéz y Rivas, 2007, p. 14). O verdadeiro processo de aculturação dos soldados estaduni- denses ultrapassa os manuais; segundo as palavras de um veterano da guerra no Iraque, Eu fui um assassino psicopata porque fui treinado para matar. Não nasci com essa mentalidade. Foi o corpo de infantaria da marinha que me educou para que eu fosse um gângster das corporações es- tadunidenses, um delinquente. Treinaram-me para cumprir cegamente as ordens do presidente dos
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