Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 62 — de contrainsurgência em qualquer parte do mundo . (United States, 2006, p. viii, grifo do autor). Para justificar essa extraterritorialidade militar – como men - cionei – os estrategistas utilizam uma enteléquia jurídica denomi- nada “nação anfitriã”, cujo governo “convida” os Estados Unidos a colocar em prática a contrainsurgência contra seu próprio povo, mesmo que essa dita autoridade tenha sido imposta após a derru- bada do governo legalmente constituido e após a ocupação do país por forças expedicionárias dos Estados Unidos. Já na anexação do arquipélago das Filipinas, em 1898, os Estados Unidos travaram sua primeira guerra de contrainsurgência do século XX contra a rebelião liderada por Emilio Aguinaldo, com pretexto – de acordo com o presidente americano William McKinley – de “educar, elevar e cristianizar os filipinos” (Deady, 2005). Além disso, na guerra de contrainsurgência dos Estados Uni- dos na Nicarágua contra o general Augusto C. Sandino – que derro- tou seguidas vezes os marines estadunidenses – os ianques empre- garam a tática de fazer enfrentarem-se “nativos contra nativos”, ao criar a Guarda Nacional chefiada por Anastasio Somoza Garcia, que finalmente assassinou Sandino em 1934. Outra ideia central do Manual é a de que, considerando que os Estados Unidos possuem uma esmagadora superioridade mili- tar convencional, seus inimigos lutam por meio de uma guerra não convencional: Mesclando tecnologia moderna com antigas técni- cas de insurgência e terrorismo [...] Na contrain- surgência, o lado que aprende mais rápido e se adapta mais rapidamente – e quem tem melhor or- ganização para aprender – geralmente ganha. Con- trainsurgências têm sido chamadas competições de aprendizagem. Então, esta publicação identifica

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