Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 60 — A leitura do Manual é obrigatória para entender a mentali- dade dos intelectuais da guerra “contra o terrorismo”. O prefácio, assinado pelo general Petraeus (que estava no comando das forças expedicionárias dos Estados Unidos no Iraque, posteriormente de- fenestrado graças a um escândalo extramatrimonial) e pelo general James F. Amos, do tristemente célebre Corpo de Fuzileiros Navais (Marines) , mostra que os militares estadunidenses tornaram-se, se não marxistas, pelo menos dialéticos, pois descobriram que “o Exército e o Corpo de Fuzileiros Navais reconhecem que cada in- surgência é contextual e apresenta seu próprio conjunto de desa- fios.” Por essa razão, uma campanha de contrainsurgência requer que “Soldados e Fuzileiros Navais (assim, com maiúsculas em todo o texto) utilizem uma mistura de tarefas familiares de combate com outras habilidades mais frequentemente associadas a agências não militares...” (United States, 2006, prefácio, p. vi). Espera-se que Soldados e Fuzileiros Navais sejam construtores de nações da mesma forma que são guerreiros. Devem estar preparados para ajudar a reestabelecer as instituições e forças locais de se- gurança e ajudar na reconstrução da infraestrutura de serviços básicos. Devem ser capazes de ajudar no estabelecimento da governabilidade local e do império da lei. A lista dessas tarefas é longa, efetuá- -las envolve extensa coordenação e cooperação com muitas agências intergovernamentais (dos Estados Unidos), da nação anfitriã e da esfera internacional [...] Conduzir uma campanha de contrainsurgência vitoriosa requer uma força flexível e adaptável, di - rigida por líderes ágeis, bem informados e astutos culturalmente. (United States, 2006, pefácio, p. vi). A análise desse prefácio à luz da ocupação neocolonial do Ira- que torna visível que estes “construtores de nações” foram aqueles
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