Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 32 — brasileira ensinava que o oprimido que se liberta libera também o opressor da sua dependência emoprimir para existir; e esse é omedo da liberdade que tem o opressor, que vê nessa perda de privilégios uma ameaça a si. Ora, onde, senão nas universidades públicas – onde 95% das pesquisas desenvolvidas no Brasil são realizadas, amplia- das e democratizadas pelo novo acesso de pobres, negras e negros, índias e índios – uma discussão como esta aflora e desabrocha? O outro alvo é o de sempre, ou seja, tudo o que não é macho- -branco-hetero-cristão ( sic ), agora apresentado como estratégia le- tal aberta e declarada: o genocídio da população jovem negra, mas também das e dos militantes de esquerda, dos movimentos sociais no campo, dos e das indígenas por serem indígenas, e das mulheres por serem mulheres. Nos últimos dias, assistimos horrorizados o governador do Rio de Janeiro sobrevoar uma favela em um helicóp- tero tripulado por snipers que atiravam do alto; ouvimos o Ministro da Educação dizer que comunistas mereciam um tiro na cabeça (só faltou explicitar se na testa ou na nuca); ouvimos ainda o Presiden- te dizer que os fazendeiros que matarem pessoas que entrarem em suas terras não serão responsabilizados; a proibição da fiscalização das invasões de madeireiras nas terras indígenas e protegidas da Amazônia; e o Ministro-chefe da Casa Civil dizer que as mulheres preferem ter armas a ter a proteção da lei Maria da Penha. Os estrategistas do Pentágono, ao participarem da promoção do golpe de 2016 e da eleição de Bolsonaro, ajudaram a libertar forças necrófilas muito difíceis de controlar contra mais de 200 mi - lhões de brasileiros. Espera-se que a leitura deste livro ajude a pen- sar em estratégias para deter esse processo. Como chama atenção López y Rivas, “é fundamental confiar na capacidade e vontade dos povos para desenvolver estratégias de luta que combinem criativi- dade com eficiência, centralidade com autonomia, princípios éticos com construção de alternativas”.