Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 27 — situação atual, principalmente de muitos países latino-americanos, e do Oriente Médio e Ásia. Sem dúvida, o conceito mais importante que aqui é aclarado é o de “terrorismo global de Estado”, cuja definição está na conclusão da introdução (e eu não vou contar aqui). Mas, por que esse esforço analítico e essa exposição política? Porque tem sido detectado cada vez mais o uso mercenário das ciências sociais (não só delas, claro: é um ponto de partida que não existe conhecimento neutro, mas isso precisa ser trazido à cons- ciência) e López y Rivas nos aponta lugares onde podemos procu- rar nos informar melhor sobre esses usos e suas consequências. López y Rivas preocupa-se com o “alistamento da antropolo - gia nas forças armadas dos EUA” e seus usos nas guerras de ocupa- ção neocolonial em dois sentidos: na contratação de antropólogos para servir nas unidades de combate como especialistas em dobrar as populações contrainsurgentes; no verniz antropológico que é dado aos novos manuais de contrainsurgência e cuja cuidadosa ela- boração está a cargo da antropóloga Montgomery McFate. Traduzir esse livro e colocá-lo à disposição dos leitores bra- sileiros tem a intenção de ajudá-los a pensar como se estruturou a guinada nas estratégias militares estadunidenses que começou a ser gestada na primeira década deste milênio; estratégias que têm dado frutos bastante expressivos em termos de novas formas de intervenção que não necessariamente passam por conflitos bélicos, mas sem dúvida agradam à indústria de armas, tanto interna (veja- -se a eleição de Trump nos Estados Unidos) quanto externa (a elei- ção de Bolsonaro no Brasil). 3 Além de tipos cada vez mais híbridos 3 Esses dois exemplos não estão no livro. São acontecimentos posteriores, mas que mostram claramente táticas de controle midiático que estão sendo discuti- das nos manuais de contrainsurgência das Forças Armadas e nos relatórios de futurologia das agências de inteligência estadunidenses aqui apresentadas.