Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 24 — nors Sounders, lançado em 2001, Quién pagó al gaitero: la CIA y la guerra fria cultural ). Nos últimos tempos, tal papel foi substituído por instituições supostamente “humanitárias”, como a NED, a USAID e outras de idên - tica e suspeita história. Sempre presentes a cada golpe de Estado (tra- dicional ou brando e colorido), bombardeio, invasão, bloqueio etc. Com a guerra assimétrica de nossos dias, as mediações “hu - manitárias”, as cortinas de fumaça “democráticas” e as fachadas cul - turais vão sendo recicladas enquanto a antropologia imperial, dan- do as costas às ciências sociais de orientação crítica, se põe, já sem as demasiadas e tediosas mediações e dissimulações, em posição de combate direto. Seus objetos (não os de estudo, senão os para alvejar e atirar) são as organizações insurgentes e os movimentos sociais rebeldes, as personalidades dissidentes com audiência e influência de massa, os espaços organizados da cultura subalter - na, assim como os costumes e religiões dos povos e comunidades rebeldes. A antropologia devinda em instrumento de dominação imperial converte-se, então, em uma arma tática e estratégica no mesmo departamento e na mesma rubrica orçamentária que a in- teligência de combate. Tanto o Manual de campo de contrainsurgência 3-24 (Coun- terinsurgency: FM 3-24) (dezembro de 2006) como o Manual de campo de forças especiais FM-31-20-3 . Táticas, técnicas e procedi- mentos de defesa interna para as Forças Especiais no estrangeiro ( US Army Field Manual FM 31-20-3 , Foreign Internal Defense Tac- tics Techniques and Procedures for Special Forces) (2003), ambos analisados detalhada e minunciosamente pelo autor deste livro, são escandalosos e, ao mesmo tempo, demasiadamente nítidos. Nos dois se apela, em tons “culturalistas”, ao emprego de saberes antropológicos para tornar mais eficazes as invasões neocoloniais e a repressão político-militar de qualquer rebeldia social e políti- ca dos povos invadidos.
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