Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 22 — pelo que o velho presidente Eisenhower denominou “o complexo militar-industrial estadunidense”. Tentando contrariar essa prostituição da disciplina, que se deixa comprar por umas sujas cédulas, López y Rivas apela para a consciência social e os deveres éticos da comunidade acadêmica e científica das ciências sociais, interpelando-a e convocando-a a dei - xar de ouvir a voz do amo e a não se deixar envolver pelo pegajoso abraço do dinheiro. Com esse gesto, que combina a denúncia e o chamado a exer- cer a profissão a partir da ética, do conhecimento crítico e do com - promisso com as classes subalternas e os povos oprimidos, Gilberto López y Rivas reatualiza uma honrada e cativante tradição das ciên- cias sociais latino-americanas. Desde há pelo menos meio século essa tradição anti-imperia- lista vem denunciando diversos projetos como o “Camelot”(pesqui - sa encomendada em 1964 pelo pentágono, a Marinha e o Ministério da Defesa de EUA à American University. Envolveu pelo menos 140 profissionais e custou, a cada ano, 1,5 milhões de dólares. Sua fina - lidade era avaliar possibilidades revolucionárias em países subde- senvolvidos e dependentes; o Projeto “Agile” (“Agile”, que significa ‘logo” ou “pronto”, foi patrocinado em 1967 pelo Departamento de Defesa dos EUA para implantar um programa contrainsurgente na Tailandia e logo se extendeu a outros países do Terceiro Mundo. Custou outro 1,5 milhão de dólares e envolveu também a Universi- dade de Cornell); os projetos “Spicerack” e “Summit” (ambos vin - culados à universidade da Pennsylvania durante o ano de 1967, destinados, segundo denúncias dos estudantes, a explorar o uso de armas químicas e biológicas nas repressões contrainsurgen- tes, particularmente no Vietnam); o projeto “Simpático” (contra a insurgência na Colombia, patrocinado pela American University associada ao Departamento de Defesa dos EUA); o projeto “Margi -
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