Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 21 — Debate sobre as ciências sociais e seus usos na atualidade Caracterizada então a nossa época, suas formações econômi - co-sociais predominantes, a partir do desenvolvimento desigual do capitalismo contemporâneo, de sua estratégia de recolonização e controle social planetário, de suas formas de guerra assimétricas e de seus programas de inteligência e de contrainsurgência, López y Rivas passa para a segunda grande problematização do livro: 1. Que papel joga o conhecimento social em um mundo tão sombrio e tétrico que, por comparação, converte em um ingênuo e simples pesadelo infantil as obras 1984 (George Orwell), Admirável mundo novo (Aldous Huxley) ou Tacão de ferro (Jack London), entre outras? Ali, no dilema perverso através do qual o imperialismo tem gradativamente encurralado as ciências sociais, serve-se o prato principal do livro. Gilberto López y Rivas, sem papas na língua e sem empregar qualquer eufemismo diplomático, denuncia com nome e sobrenome as autoras e os autores dos manuais militares do Pentágono e o (mal) uso que fazem da antropologia como saber funcional a serviço das invasões dos tristemente célebres... marines. Se a antropologia convencional nasceu acompanhando o ve- lho colonialismo europeu, estudando o “outro” (os povos periféri - cos, submetidos e conquistados, chamando-os folk , “tradicionais”, “primitivos”, fazendo eco ao que os colonializadores denominaram “povos infantis” e alguns filósofos europeus nomearam “povos sem história”), os oficiais assalariados da antropologia imperial, denun - ciados e questionados por Gilberto López y Rivas, retoma aquela função embaraçosa de seus tempos de gestação para colocar todo seu saber e seus estudos (sobre as crenças, as religiões, as funções sociais, o parentesco, os usos linguísticos, os costumes, o folclore, as mentalidades etc.) a serviço da indústria de guerra desenvolvida
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