Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 18 — transcendem ao plano extra-discursivo, modificando a longo prazo a realidade mesma e o modo de entendê-la. Estudando a contrain- surgência dos Estados Unidos pertence a este último tipo de livros. Diferente de tantos papers sem graça que costumam citar de- zenas de artigos (todos publicados no último ano, como obriga o mainstream , em que a “novidade” e a data da edição substituem a substância do que é trabalhado), mas não têm nada relevante para acrescentar e nem nada significativo para falar, Estudando a con- trainsurg ê ncia dos Estados Unidos condensa um dos nós problemá- ticos de nosso tempo. O militarismo extremo, o crescente fascismo imperante nas relações internacionais, a nova partilha do mundo e a manipulação das ciências sociais que esses processos pressu- põem para serem legitimados. Sem ser volumosa, essa obra identifica inimigos poderosíssi - mos, comnome e sobrenome, e por essa razão provocará, namedida em que se conheça e difunda, não poucas consequências políticas. Debates abertos e problemas pendentes Apresentá-lo implica distinguir os problemas e temas abor- dados, articulados todos em função de uma lógica de raciocínio que culmina em um chamado político de alerta e um apelo ético dirigi- do às ciências sociais contemporâneas. 1. Em primeiro lugar, a obra tenta caracterizar o capitalismo contemporâneo. Certamente uma tarefa nada simples. A controvérsia começa já no início. No momento de definir as características centrais da época atual e do tipo de capitalismo que predomina em nossos dias, o autor de fato impugna as versões apo- logéticas de uma suposta globalização “homogênea, plana, sem as - simetrias nem desenvolvimentos desiguais”. Gilberto López y Rivas propõe que o capitalismo de nosso presente conforma um imperia- lismo de rapina apontado sem escrúpulo algum para a “recoloniza -

RkJQdWJsaXNoZXIy MTA3MTQ=