Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 152 — Eles são transformados em tribunais de fato , em que comunicado- res, locutores, editores, especialistas e analistas políticos condenam sumariamente toda oposição à ordem estabelecida, como pode ser visto no caso do magistério. 52 Isso tem sido denominado de “dita - dura ou terrorismo midiático” e os mercenários da mídia, de “sicá - rios midiáticos”. Carlos Fazio, em seu livro Terrorismo mediático, la construcción social del miedo en México (2013), aplica esses concei- tos no caso do nosso país. No processo de pesquisa sobre os povos indígenas como obje- to de estratégias de contrainsurgência por parte do Estado, alguns de nós antropólogos estudamos as forças armadas na atual globa- lização neoliberal e como estas são cuidadosamente preparadas para a “guerra interna”, criando inclusive grupos paramilitares que realizam o trabalho da guerra suja. 53 Desde os tempos das escolas militares pan-americanas dirigidas pelos Estados Unidos, os exér- citos tornaram-se verdadeiras forças de ocupação estabelecidas em vastas regiões de nossos países e em praticamente todas as regiões indígenas. Muitos de seus altos comandos estão, assim como os po- líticos civis, associados ao grande capital de maneira direta ou indi- reta. A dependência e o vínculo das forças armadas mexicanas, por exemplo, com as estratégias militares e de inteligência dos Estados Unidos, no âmbito do Acordo de Segurança e Prosperidade da Amé- rica do Norte (ASPAN) e da “Iniciativa Mérida” (uma versão do Plan Colômbia para o México e a América Central), e através da assistên - cia, treinamento e apoio de todos os tipos de militares desse país para seus homólogos locais, fecharam o círculo da dependência do México no terreno militar, de segurança e de inteligência. 52 López y Rivas refere-se ao movimento dos professores da oposição sindical con- tra as reformas no ensino realizadas por Peña Nieto em 2013. [N. dos T.] 53 A esse respeito ver, de Gilberto López y Rivas, Autonomías: democracia o con- trainsurgencia (2004) e Las Fuerzas Armadas Mexicanas a fin del milenio (1999).

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