Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 15 — do com o meio ambiente e ajuda exterior. Assim, não é possível su- bestimar a afirmação explícita de Trump no Congresso: “temos que voltar a ganhar guerras”. Os ataques com mísseis a uma instalação militar do governo sírio – e não contra o Estado Islâmico que su- postamente Trump se propõe a destruir – vão nessa linha belicista, tal como a ameaça de agressão militar à Venezuela proferida pelo chefe do Comando Sul, o almirante Kurt Tidd, em sua aparição no Senado dos Estados Unidos. Deve-se também levar muito em consideração o que sustenta Henry A. Giroux, autor do livro America’s Addiction to Terrorism: Estados Unidos é agora viciado em violência por- que a “guerra contra o terrorismo” se baseia em um medo extremo e no ódio aos considerados inimigos. Como resultado, alimenta-se o maquinário da guer- ra permanente inventando constantemente um Ou- tro demonizado. Creio basicamente que o terror é agora uma parte central do sistema nervoso político dos Estados Unidos que se converteu no principal princípio organizador da sociedade. O discurso da guerra, a violência e o medo moldam, em grande medida, nossa concepção de nós mesmos, de nos- sas relações com os demais e com o mundo em ge- ral. Os vocábulos definidores da vida estadunidense minam a possibilidade de questionar a suposição de que a violência é a ferramenta mais importan- te para abordar os problemas sociais. Neste caso, a “guerra contra o terrorismo” criou uma cultura bélica que funciona através de diversos aparelhos culturais, das escolas e dos principais meios de co- municação para produzir uma sociedade cheia de violência. Estados Unidos é um país saturado com o discurso da guerra e da violência, o que se eviden- cia em parte no uso generalizado das metáforas da
RkJQdWJsaXNoZXIy MTA3MTQ=