Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 137 — Esta globalização neoliberal também levou a uma profunda degradação da política e ao esvaziamento da democracia repre- sentativa, reduzindo-a aos seus aspectos processuais, com a cor- respondente crise e descrédito dos próprios processos eleitorais, instituições e partidos políticos, incluindo os da chamada “esquer - da institucionalizada”, os quais se tornam úteis e funcionais para o poder capitalista – perdendo toda capacidade contestatória e trans- formadora, tornam-se incapazes de escapar dessa lógica, e acabam por assumir um papel de legitimação do sistema político imperante (López y Rivas, 2006a, 2006b). Essa democracia é limitada e pode- ria ser descrita como uma democracia tutelada pelos poderes de fato: as corporações, os monopólios da mídia e, inclusive, cada vez mais, pelo narcotráfico e pelo crime organizado. Ana María Rivadeo reflete desta maneira sobre a problemáti - ca da democracia na globalização neoliberal: O Estado nacional atual se encontra estrutural- mente atravessado e dominado pela transnaciona- lização do capital, bem como pela desarticulação, exclusão e violência. E nessa situação, o universa- lismo que se impõe não é o da democracia, mas o do capital globalizado. (Rivadeo, 2003, p. 37). Nesse contexto, ocorre uma dupla determinação: por um lado, a luta de classes se desenvolve em um horizonte mundial; e, por ou- tro, os Estados nacionais controlam localmente os conflitos e con - tradições da força de trabalho e dos grupos subalternos em geral. A tudo isso, acrescenta-se, no caso do México: a falta de legi- timidade das instituições e poderes da República; a renovada pa- ramilitarização e as agressões aos governos autônomos zapatistas – como a que ocorreu em 2 de maio de 2014, em La Realidad – e a outros processos autônomos, especialmente emMichoacán, Oaxaca
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