Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 131 — confiança em relação aos outros, sempre “potencialmente perigo - sos”, fomentando a discriminação de classe e raça existentes para com as classes subalternas “forçadas à delinquência” e o confina - mento em pequenos redutos, nem sempre seguros. Enquanto isso, as prisões estão cheias de inocentes ou culpa- dos – nunca se sabe – dos setores vulneráveis: aqueles defendidos pelos “advogados de ofício”; os “buchas de canhão ” das prisões; os “ninguéns” os “nadas”, os ninis 43 (que, aliás, estão ameaçados de ser vítimas de um recrutamento forçado que os levaria à vida militar por três anos). Em contraste, os chefes poderosos e os de colarinho bran- co não só podem obter fiança, nos raros casos em que sejam presos, como também viver em bairros residenciais. É comum que, em con- domínios muito exclusivos, 44 nos quais se entra através de portarias com vigias, onde os veículos são meticulosamente vistoriados e é exigida documentação, sejam confiscadas casas de narcotraficantes!. Na “luta contra a delinquência”, se assume como normal, e até mesmo recomendado, os postos de verificação do exército nas estradas e ruas das cidades, a entrada de militares e policiais em domicílios, sem mandato de apreensão, as delações anônimas, o controle policial dos cidadãos, a flagrante violação da Constituição e a constante transgressão dos direitos humanos. O que começa mal, termina mal O uniforme militar verde-oliva e o boné com uma águia e as cinco estrelas do grau de Comandante Supremo das Forças Arma- 43 Niní é a denominação dada aos jovens que não estudam nem trabalham. 44 Um dos grandes chefes mexicanos, Beltrán Leyva, o “Chefe dos chefes”, foi loca- lizado e executado em dezembro de 2009, num luxuoso condomínio horizontal em Cuernavaca, Morelos. A partir dessa data, o “ponto” entrou em disputa, ini- ciando então uma guerra local com mortes diárias.

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