Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 129 — A “Mão de Ferro” é exigida e apoiada – pelas classes média e alta – para medidas de militarização e maior rigor em punições, exigindo até mesmo a pena de morte 41 contra os perturbadores da “ordem pública”, ao mesmo tempo em que é ignorada conveniente - mente a tortura, o assassinato, o desaparecimento de centenas de ativistas sociais, a nova guerra suja e a existência de prisioneiros po- líticos em todo o país, as ações de grupos paramilitares em Chiapas e em outros estados, os numerosos jornalistas mortos no exercício de sua profissão 42 ou as violações constantes dos direitos humanos cometidas pelo exército, a polícia e o terrível maquinário judicial. O problema é observado como uma questão de eficácia, e reivindicam: “ Se não podem, renunciem! ”, sem ir mais além na aná- lise dessa realidade criminosa em que os mexicanos vivem. Não se trata do clamor “ !que se vayan todos! ”, dos piqueteros argentinos, que expressam uma maior conscientização sobre a inutilidade ge- neralizada da classe política, mas que, no final das contas, é um sinal do cansaço em face dos políticos tradicionais que se mostra- ram incapazes de oferecer alternativas à profunda crise que o país está enfrentando. Além disso, as “soluções” dependem das lentes de classe com as quais se olha. Multiplicam-se as áreas residenciais exclusivas, ruas e condomínios fechados, carros blindados, guaruras ou guar- da-costas, recursos técnicos de natureza variada e, como recurso final, a migração, “pois afinal, na Europa ou nos Estados Unidos, es - sas coisas não acontecem”. Se milhões de mexicanos atravessaram a 41 Paradoxalmente, o partido “verde” mexicano (PVEM) fez da pena de morte sua única proposta eleitoral para as últimas eleições intermediárias de 2009, e seu uso oportunista permitiu aumentar substancialmente sua porcentagem de votos. Por este motivo, em 10 de fevereiro de 2009, o Partido Verde Europeu retirou o reconhecimento ao PVEM como um partido verde 42 Depois do Iraque, o México é o país onde mais jornalistas foram mortos no exer- cício da profissão nos últimos anos.
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