Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 121 — maioria, não há benefício algum: o dependente da droga entra no inferno em que não mais de 10% daqueles que tentam conseguem se recuperar; seus parentes carregam um peso opressivo, porque o vício envenena toda a convivência; os agricultores que cultivam matérias-primas nos países do Sul recebem apenas 1% dos lucros totais do negócio; entre os povos indígenas, o pagamento em di- nheiro, a repressão e a cultura da delinquência rompem com as es- truturas dos autogovernos comunitários; a economia camponesa do autoconsumo é substituída por uma mercantilizada. A cultura do dinheiro fácil vinculado à criminalidade está ligada a um pro- fundo esgarçamento de todo o tecido social, entrando em um pro- cesso de decomposição e guerra; todo o aparelho da pistolagem e aquele dedicado à comercialização, seja a mula , o jibaro ou o capo , tem uma história de vidas breves e fortunas efêmeras (de alguns poucos), em que a morte ou a prisão estão sempre presentes ao virar a esquina. Não é uma economia sustentável. É uma história sórdida de sofrimento e dor. “Para nós, latino-americanos, resta a crise, a guerra civil, os mortos, as sociedades desoladas e apenas alguns dólares que movem as máfias locais.” (Colussi, 2010, p. 56). Essas máfias – afirma Colussi –, sem com isso tirar-lhes sua parcela de responsabilidade, são apenas uma pequena parte de toda a cadeia. Os mafiosos são comerciantes que fazem o seu trabalho e não passam disso; eles ganham dinheiro, muito dinheiro sem dúvida, mas não têmo poder de decidir sobre os aspectos macro do assunto... Aqueles que fazem a grande fortuna, em suma, são os banqueiros: Esta enorme massa de dinheiro que move o negócio – que, por sinal, se traduz em poder, muito poder político e poder social – também atinge outras esfe- ras de ação: esse dinheiro é “lavado” e entra nos cir - cuitos aceitos... Não é nenhuma novidade que exis- ta uma economia “limpa” produzida por operações de lavagem de dinheiro do capital do narcotráfico.