Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos

— 120 — O narcotráfico, uma arma do império O livro acima mencionado, de Marcelo Colussi, é imprescin- dível para a análise do tema em âmbito planetário e, em particular, para a compreensão da situação trágica que o nosso país está ex- perimentando atualmente. Considerando seu trabalho como “uma contribuição para um campo onde há mentira demais”, o autor argumenta que, em torno do comércio de drogas, há uma versão oficial, tratada incansavelmente pelos meios de comunicação de massa, e uma realidade oculta. Observando a magnitude descomunal do negócio de drogas ilícitas, ele afirma que o circuito comercial move em média de 800 bilhões de dólares por ano. Esta cifra se posiciona acima da ven- da de petróleo e abaixo da de armas, que segue sendo o mercado mais rentável do mundo. A principal hipótese de Colussi consiste em afirmar que o poder hegemônico liderado pelos Estados Uni - dos encontrou neste novo campo de batalha um terreno fértil para prolongar e readequar sua estratégia de controle universal. “Como também encontrou com o chamado ‘terrorismo’, nova ‘praga bíbli - ca’ que tem possibilitado a nova estratégia imperial de dominação militar unipolar com sua iniciativa de guerras preventivas” (Colus- si, 2010, p. 8). Argumenta que os mesmos fatores de poder que movem a maquinaria social do capitalismo global criaram a oferta de narcóti- cos, geraram a demanda, e “sobre a base desse circuito eles teceram o mito de algumas maléficas máfias superpoderosas confrontadas com a humanidade, causadoras das angústias e ansiedades dos ci- dadãos honestos, motivo pelo qual se justifica uma intervenção po - licial-militar em escala planetária.” (Colussi, 2010, p. 9). Seguindo uma metodologia de perguntas e respostas, nosso autor estabelece uma questão chave: quem é favorecido com o tráfi - co ilegal de drogas? À qual ele responde dizendo que, para a grande