Estudando a contrainsurgência dos Estados Unidos
— 102 — A futurologia das estratégias estadunidenses As estratégias militares e de espionagem dos Estados Unidos têm um vício em futurologia que se manifesta em sua propensão a imaginar, supostamente de acordo com as realidades atuais, de que forma será “seu” mundo no ano 2030, por exemplo. Recorde - mos as previsões dos informes chamados “Tendências Globais”, que produzem os “tanques pensantes” [ think tanks ] 35 a soldo da Agên- cia Central de Inteligência (CIA) e seus múltiplos organismos as- sociados, constituindo-se em materiais de leitura obrigatória para a “batalha das ideias”, uma vez que neles se refletem as peculiares perspectivas, temores, fobias, racismos, ameaças, psicopatias e, so- bretudo, os interesses e ideologias imperialistas de seus autores. David Brooks informou sobre o último destes escritos no periódico La Jornada , destacando a projeção do colapso “rápido e repentino” do México, “Estado fraco e fracassado”, como um dos maiores peri - gos mundiais no futuro (Brooks, 16 de janeiro de 2009). Trata-se de um texto de 51 páginas elaborado pelo Comando Conjunto das Forças dos Estados Unidos com o título de JOE 2008 (The Joint Ope- rating Environment) . O propósito do estudo é informar o desenvol- vimento conjunto de conceitos e experimentos através do Depar- tamento de Defesa e fornecer uma perspectiva sobre tendências, reações, contextos e implicações para o futuro aos comandantes da força conjunta e outros líderes e profissionais do campo da segu - rança nacional. Em seu breve prólogo, o general do Corpo de Fuzileiros Navais e chefe do EstadoMaior do Conjunto das Forças Armadas, J. N. Mattis, enfatiza que ninguém tem uma bola de cristal , mas, “se não tratamos de vislumbrar o futuro, não há dúvida de que nos surpreenderão 35 Nesta passagem o autor faz um trocadilho entre grupos de especialistas e tan- ques de guerra, think tanks em inglês.
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